Falta – de sono...
Fico aqui sentado, sem saber o que dizer, o que falar, o que fazer. Acho que o son(h)o dessa noite resolveu me esquecer e fico aqui a brincar com as palavras a enlouquecer o restante da memória que me serve a essas alturas findadas de um dia cansativo. Minha alma pede bis das coisas boas que vivi, dos sorrisos que consegui gentilmente arrancar dos rostos tristes. Tarefa árdua e absurdamente confortante... mas há sentado ali um garoto que quase não sorri. Amuado, sempre quieto no cantinho da sala inerte em um banquinho, sempre á meia-luz de penumbra. Parece esse clima lhe agradar. Assim ainda com receio crio coragem para me aproximar e assim o faço, a passos curtinhos e extremamente meticulosos. O chão de taco faz barulho quando lhe toco a sola de meu sapato social marrom bico quadrado. Tento recuar e arrasto o pé para trás, me dá medo, mas algo me diz que não há como voltar atrás... o terreno que está nas minhas costas desabou faz tempo e eu nem percebi, afinal parecia que estava ali poucos segundos. Quando olhei minhas mãos, me assustei! Elas cheias de rugas... parecia que haviam me colocado numa máquina do tempo e eu não tinha mais escolha: era hora de encarar o menino no canto da parede, que, por incrível que possa parecer, continuava um menino – e eu já velho. Passados anos, me envergonhei por estar na mesma posição, com a mesma atitude. Agora com o porém das inevitáveis marcas que o tempo não me poupou. Nada mais do que natural. Eu só não imaginava que seria assim tão rápido. Eu sabia que mais três passos e meio, chegaria ao meu objetivo-destino que tracei desde o início. A trajetória até ali havia sido longa e cansativa, embora eu tivesse a sensação de ter ficado estacionado no mesmo lugar. Eu já homem idoso, já vivido e experiente, não deveria mais temer qualquer coisa na minha vida, mas confesso que a única coisa que temia a esse tempo era a própria vida. Mas sobre isso conto depois... por fim, me aproximei com um pouco mais de sabedoria e disse: olá rapazinho! O que fazes aí sozinho? Depois de alguns 7 segundos ele me dirige o olhar, sombrio e esperançoso, mas não me dispensa nenhuma palavra. Aí, faço uma nova tentativa: Qual o seu nome? Sem hesitar, me responde: Sou o Amor e estive aqui durante toda a sua vida, foi bom ter me descoberto, ainda que se você olhar para trás verás que a morte lhe serve às costas!
Sempre há tempo?
Imagem: Sad Clow por James Cane
Autora: Hellen Tavares
Muito bonito e Profundo...
ResponderExcluirVocê vai longe, continue escrevendo para que podemos ler e refletir sobre as coisas na vida.
Adorei,
Beijos
Miriane Diniz
Simplesmenteee verdadeiroo!
ResponderExcluirPefeitoo aa vidaa sempre nos daa uma chance um
novoo recomeço,nos q naoo sabemos aproveitar !
By:Leticia
Hellen,
ResponderExcluirque maravilhoso este texto!
Parece que fui junto aos passos, ao mesmo tempo que me senti no lugar do menino. Um caminho de encontro a nós mesmos ....
Adorei!
Beijos
Marquinhos
otimo texto parabéns,..
ResponderExcluirmuuuuuuuuuuuuito lindo hess...
ResponderExcluirnao sabia desse seu lado poeta..rsrs
amei mesmo... parabens!!!
bjus
Débora Rossi
Oi Hellen,
ResponderExcluirRealmente demais...Parabéns pelo seu talento.
Essas palavras são a realidade, muitas vezes nos encontramos em situações em que queremos voltar atrás e não tem jeito...E muitas vezes só percebemos que era algo bom tarde demais...
Bjusss
Carol
Lindo texto, nos faz olhar mais para dentro de nós, e encarar os nossos medos, e demonstra que nunca é tarde de mais para recomeçar!!!
ResponderExcluirAbs
Mateus
Hellen,
ResponderExcluirBacana demais!!!
Essas palavras me fazem refletir profundamente sobre o AMOR, esse tal sentimento que nos pega de um jeito tão diferente e que nos deixa cego...
Por isso eu digo sempre: Não espere perder, para dar valor.
Kesley Dias
A todos, meu prestígio e saudação... os comentários são muito motivadores. O que cada um escreve é considerado, e extremamente gratificante. Agradeço o carinho! Espero sempre contribuir positivamente para boas ideias e reflexões. Um abraço apertado! ;o)
ResponderExcluirParabens por desenhar com as palavras. Essa é a sensação que tive ao ler. Imagens nítidas.
ResponderExcluirAguardo os próximos episódios, e espero que a série não se acabe.
Henrique
NUSGA!!!
ResponderExcluirPor isso é sempre bom olhar em volta e limpar a poeira dos cantos. Porque sempre há tempo sim, mas as vezes não o bastante para o tanto que se planeja!!!
Tah d+ viu fiota!?
Bjos!
Perfeitooo Amigaaa ,
ResponderExcluirmuito bom msm .. não disperdice o seu talento ! vai longeee !
Bjosss s2
Nossa...amei o texto...mto lindo...
ResponderExcluirVc tem mto talento....
Adorei de coraçao...continue escrevendo palavras lindas assim....vc vai longe....
Mto bacana!
ResponderExcluirNunca vou conseguir escrever um desse parabens!
Bjos Guilherme
Hellen... como ja tinha dito, ja virei seu fã. Parabéns pelo texto. Voce tem o dom de escrever temas fortes usando as palavras com harmonia e suavidade. Continue nesse caminho, pois ele a levará muito longe... Bjos do amigo, Petronio
ResponderExcluirGostei muito Hellen; parabéns. Uma prosa com cores de inverno, próprias para o tema da solidão e autoconhecimento. hehe. Um abraço do "vizinho" da mesa de bar. kkk!
ResponderExcluirSimplesmente perfeito
ResponderExcluirVc é FODA!
ResponderExcluirPara Hellen
ResponderExcluir...fico aqui, a brincar com as palavras, a enlouquecer o restante da memória que me serve, a essas alturas findadas de um dia cansativo...
Simplesmente lindo, parabéns!